sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sem filosofia.

É madrugada e como a maioria das outras madrugadas estou acordada, tem sido assim, esse silêncio é o que me faz ter prazer, essa oportunidade de estar em outros lugares, mesmo não saindo daqui, da cadeira , de frente a essa tela clara, essa sala.
Vejo vídeos, leio coisas, coisas de poesia e prosa sobre amor, a música hoje não conseguiu me satisfazer, a inquietação me fez procurar imagens e palavras para poder estar longe daqui.
Imagens se formam na minha cabeça, uma espécie de diário silencioso do meu dia, e percebo o quanto estive distante. Quase queimei a comida, o café saiu muito forte, fiz desenhos com caneta na minha perna enquanto "assistia" a tv, pensei em arrumar a mesinha das revistas e livros e as prateleiras que andam bagunçadas mas, acabei deixando para amanhã.
Nos meus silêncios estão o barulho da minha cabeça que não me permite falar, me atrapalha de sentir, e me limita a de fato pensar. É o caos se aproximando aos pouquinhos, misturando meus desejos, confundindo tudo.
Vejo que está quase amanhecendo, sinto o cheiro próprio que fica no ar somente à essa hora, esse cheiro de nascer do dia, de novo, de recomeço. Tenho vontade de sair de casa enquanto quase não há carros nas ruas, ou pessoas caminhando, é uma vontade de sentir a ilusão da solidão, essa coisa que me dá eixo quando estou completamente perdida. Mas, não saiu, sei que não sairei, ficarei aqui , sentada, tentando ter acesso ao meu coração através de palavras, vídeos, e canções, procurando algum porta voz pra minha cabeça que não consegue me explicar o que sente, embora dê indícios pela arte.
Ainda não ouvi pássaros é como um limbo esse momento de expectativa, é o desejo de me encontrar no começar do dia.
Li a poucas horas, uma crônica do Xico Sá em que ele diz que "O amor é uma invenção que só depende do nada" fiquei pensando se o destino é esse nada,  pois que por parecer tudo,  aproxima-se a definição que usamos para o que é vazio sem ser, por falta de uma compreensão total da palavra. Como exemplifica a poesia da wisława szymborska :

AS TRÊS PALAVRAS MAIS ESTRANHAS


Quando eu falo a palavra Futuro,
a primeira sílaba já pertence ao passado.
Quando eu falo a palavra Silêncio,o destruo.
Quando eu falo a palavra Nada,crio algo que nenhum não-ser comporta.


E meio sem definição para meus pensamentos e palavras me permito seguir na humildade de quem não entende das coisas e só se permite vê-las e senti-las como  Alberto Caeiro: "Pensar é estar doente dos olhos...Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... "  


Começaram os cantos dos pássaros, hora de parar de escrever, e simplesmente sentir.



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