domingo, 16 de junho de 2013

Introdução.

Essa é uma história de perdas, de escadas com batentes altos demais, onde se torna necessário subir muitas vezes engatinhando, pois os pés simplesmente não alcançam o próximo degrau.
Essa é uma história de uma mulher que quase nunca está consciente sobre tempo e espaço e vive em realidades e mundos paralelos,  a vida assim, sem dúvida, é uma constante luta contra o real e irreal e a mente, sempre a engana.
Falar dessa mulher é complicado pois ao observa-la não consegue-se perceber o mundo que ela esconde através do bom humor, gentilizas e sorrisos. O que se passa na realidade é obscuro demais até para ela mesma.
Cair, se enterrar, ficar imóvel em silêncio, prender a respiração, sempre fizeram parte de sua idiossincrasia, é tão ela que é impossível definir quando começou a viver assim.
 Quando criança adquiriu o hábito de morder suas mãos quando sentia dor e desejava alívio, e isso sempre foi reconfortante como um ópio que se intensificava cada vez que os dentes forçados contra a pele a machucavam. Seguiu com essa mania até os dias de hoje quando já adulta se deita na cama e entre lágrimas e suspiros crava os dentes nas faces das mãos.
Ela diz nunca ter visto isso como uma auto flagelação, era tão doce aquela dor, que sentia vontade de receita-la a quem sofria, também não era arranhar o próprio corpo algo violento, afinal a violência se passava por dentro e aquelas unhas na pele eram só a externação do que corroía sua alma.
Já tiveram punhados de cabelos em suas mãos e a vontade de continuar puxando mechas e mechas de fios.
Mas, nada disso é visto ao olhar pra ela, suas dores já são tão constantes que ela aprendeu a dissimular na "vida".
Vida?
(continua)

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